domingo, 27 de abril de 2014

Da parte: Compreensão do ser em sua inteireza

   Ao falar da participação da inteireza do ser na criação do conhecimento, lembramos que uma construção mais completa e complexa do conhecimento necessita da cooperação dos dois hemisférios cerebrais, unidos  pelo corpo caloso, morfologicamente gêmeos e que durante muito tempo pareceram idênticos, funcional e organizacionalmente, segundo Morin (1987). Hoje, sabemos que não é assim e que cada um tem sua própria singularidade, embora sejam complementares. Entre outras funções, cabem ao hemisfério esquerdo a análise, a lógica e a compreensão do tempo sequencial, e ao hemisfério direito cabem a apreensão das formas globais, a emoção, a intuição, a orientação espacial e as aptidões musicais. No hemisfério esquerdo, estão localizados os pensamentos analíticos, abstratos, a racionalidade, o cálculo, a sequencialidade, e, no direito, estão o pensamento intuitivo, a compreensão, a arte, a síntese, a percepção da globalidade. 
   Lamentavelmente, os sistemas educacionais preparam as gerações para o uso predominante do hemisfério esquerdo. Para Morin (1987), uma sobredeterminação cultural que favorece a complementaridade atenua a dominância de um dos lados, favorecendo a abertura da inteligência e o enriquecimento do conhecimento na humanidade. Em contrapartida, uma sobredeterminação que impõe a ruptura, a clausura, tende a atrofiar ou mutilar a inteligência e o conhecimento nos dois sexos. 
  Ambos os hemisférios são indispensáveis para uma visão mais abrangente do mundo, para uma maior compreensão do contexto e da totalidade. Sem intuição, não teríamos os avanços científicos que temos hoje e estaríamos no tempo das cavernas. É preciso que a educação colabore estimulando a abertura dos espíritos para conceber uma dialética mais equilibrada entre os hemisférios, para que estes se associem ou mesmo se oponham um ao outro, mas não se inibam mutuamente. 

(Trecho extraído do livro: O paradigma educacional emergente; Maria Cândida Moraes)

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